Como avaliar se a antecipação de recebíveis vale a pena

Nem sempre o fluxo de caixa da empresa se mantém equilibrado e às vezes sua projeção pode revelar falta de capital de giro — o que permite que o negócio siga funcionando. Então, entre outras opções, muitos gestores optam pelo adiantamento de recebíveis para manter a saúde financeira da empresa.

Mas a solução, caso não seja bem analisada, pode acabar apenas tornando-se um problema adiado, pois os direitos recebidos antecipadamente podem acabar faltando posteriormente. Outro cuidado é com o motivo pelo qual a organização precisa optar por essa saída mais de uma vez — um gargalo pode estar sendo recorrente ou pode haver uma falha de gestão. Independentemente da causa da recorrência, não atentar a ela representa o perigo de, a qualquer momento, haver um transtorno não solucionável.

Neste post, saiba mais sobre o adiantamento das contas a receber e se é uma boa tática, desde que moderada, para capitalização do seu negócio.

Formas de fazer a antecipação de recebíveis

Há algumas maneiras de antecipar os direitos da empresa. Umas são mais saudáveis para o negócio e dificilmente geram transtornos, outras já devem ser utilizadas apenas como última saída porque oneram o processo. Veja as principais formas de fazer isso e os cuidados a serem tomados em cada caso.

Concessão de descontos

Conceder descontos aos clientes em mensalidades e faturas é uma forma de receber os valores alguns dias ou semanas antes das datas previstas. Além disso, essa prática gera benefício também ao cliente, que economiza dinheiro pagando antes.

Porém, mesmo que seja um meio sustentável de manter o capital de giro e as entradas do fluxo de caixa, deve-se estabelecer com bastante estudo os percentuais de descontos concedidos. A empresa não deve perder muito dinheiro e nem permitir que a parte dirigida a desconto faça falta posteriormente.

Antecipação via banco (Adiantamento de boletos)

Os bancos pelos quais os boletos são registrados e emitidos oferecem a antecipação de tais valores às empresas. Uma parte do total é liberada, descontando a quantia cobrada pela instituição para o serviço. Então, o documento é quitado, o banco fica com todo o valor.

Para fazer um adiantamento de muitos dias ou até semanas, é uma boa saída. Mas para avaliar a viabilidade o gestor deve, primeiramente, saber o quanto é cobrado por isso. Em geral, o custo efetivo fica bem abaixo da tomada de empréstimo.

O cuidado a ser tomado antes dessa decisão é em relação ao tempo, pois o valor de um boleto pode ser sacado até mesmo um dia após sua emissão — muito antes da data de vencimento. Por isso, o fluxo de caixa projetado deve ser consultado para que depois não haja falta de capital.

Antecipação via banco (Empréstimo)

Essa deve ser sempre a última opção, pois os juros cobrados comumente são altos. Além disso, tal tomada de crédito deixa a empresa com uma dívida — possivelmente longa — para os meses seguintes.

E, como essa antecipação de recebíveis não parte dos clientes e não ter a ver com boletos, o negócio fica com dívidas sem ter recursos para pagá-las no caso de haver inadimplência.

Motivos para necessidade de antecipação

Inúmeros fatores podem levar a organização a precisar de dinheiro antes das previsões, mas alguns são mais comuns. Independentemente do caso, a saúde financeira e a continuidade das operações sempre devem ser colocadas em primeiro lugar.

Investimento

Pesquisas, contratações, aquisições e obras necessárias ao crescimento podem tomar muitos recursos — até mais do que o negócio tem disponível para investir. Então, antes de qualquer ação, principalmente se envolver tomada de dinheiro em banco, os números da empresa devem ser avaliados. E o empresário também precisa certificar-se ao máximo de que o investimento tem retorno minimamente garantido — um projeto planejado e baseado em fatos e números concretos.

Por exemplo, se o gestor adiantar o recebimento dos seus boletos emitidos para aquisição de ferramentas no intuito de expandir um setor sem que tenha demanda assegurada para isso, pode acabar com um ativo improdutivo e sem capital.

Pagamento de contas

Manter as obrigações em dia deve ser uma política de toda empresa. Mas não significa que o negócio precisa gastar tudo o que tem a receber para não ficar inadimplente e arriscar a continuidade das operações — ou ficar devendo posteriormente, apenas protelando um cenário ruim.

Dependendo do caso, principalmente em dívidas muito grandes, é mais seguro e viável negociar e obter mais prazo para quitação em parcelas pequenas, mesmo pagando mais juros, do que descapitalizar a empresa. Ou seja, manter o dinheiro disponível agora, receber o que está previsto em curto prazo, pagar a dívida em aberto e ainda conseguir quitar as que virão.

Injeção de capital de giro

Sem capital de giro não dá para manter as portas abertas. Então, no momento em que ele falta, algo precisa ser feito imediatamente.

Aqui, novamente, é preciso escolher a saída mais barata. Em geral, o que menos pesa para as empresas é conceder descontos para recebimento antecipado — mas isso só é possível se a falta de capital for percebida anteriormente no fluxo de caixa projetado.

Na hipótese de a necessidade ser imediata, não tendo como esperar até alguns dias antes dos vencimentos concedidos, a saída é antecipar valores de boletos via banco. Como dissemos anteriormente, gera menos despesa do que tomar empréstimo, e se tem a segurança da vinculação com direitos existentes.

Recorrência da antecipação de recebíveis

Investir é um motivo positivo para o negócio precisar de dinheiro ao qual tem direito mas ainda não recebeu. Porém, na maioria das vezes a ideia surge da necessidade — para balanceamento das contas. E a esse último caso deve-se prestar atenção, quando ocorrer com frequência.

Inadimplência

Por exemplo, se a inadimplência é recorrente, a empresa precisa encontrar formas de avaliar melhor a concessão de crédito ou ter garantias em negócios fechados. Ainda que a organização não seja culpada de não receber, precisa agir para evitar que aconteça.

Precificação

Quando uma empresa tem bom número de clientes — que honram suas obrigações — e ainda fica frequentemente sem dinheiro, a precificação pode estar mal feita.

Ou seja, todo o dinheiro gerado entra, mas fica no limite para o pagamento das contas e não chega a dar lucratividade. O problema da atribuição de preços pode nem mesmo ser a precificação, mas o excesso de gastos, como veremos agora.

Gargalos e excesso de despesa

Na hipótese de o negócio ter uma política de precificação correta e sustentável e receber suas obrigações mas ainda ter defasagem no fluxo de caixa ou no capital de giro, pode estar gastando demais ou com o processo quebrado.

Falhas operacionais geram gastos adicionais em retrabalho, desperdício e desalinhamento de profissionais e critérios de atuação. Então, a recorrente necessidade de antecipação de recebíveis pode ser motivo para revisão de processos. E, quando feita, sempre deve ser acompanhada de uma reavaliação de custos — valores e necessidade deles — de ponta a ponta.

Você conhece outras boas alternativas para adiantar as contas a receber? Ou alguma forma diferente de evitar essa decisão? Deixe seu comentário abaixo.

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